Frio e baixas temperaturas podem agravar alergias e aumentar a incidência de doenças respiratórias
O inverno chegou e, acompanhado desse período de baixas temperaturas, quem costuma se manifestar são as doenças respiratórias. No Dia Mundial da Alergia, celebrado em 8 de julho, o Hospital Santa Rita se une à campanha global e traz informações sobre esse tema, que ainda gera muitas dúvidas.
De acordo com a médica otorrinolaringologista do Santa Rita, Dra. Luana Tonini, o frio pode agravar alergias e aumentar a incidência de doenças respiratórias devido a fatores como o ressecamento das vias aéreas, a concentração de alérgenos em ambientes fechados e a facilidade de disseminação de vírus e bactérias em ambientes com pouca ventilação.
“As duas alergias respiratórias mais comuns são a rinite alérgica e a asma alérgica. Ambas podem coexistir no mesmo indivíduo. Elas são caracterizadas por inflamação das vias aéreas superiores e inferiores, causando sintomas como espirros, coriza, tosse, chiado no peito e falta de ar”, explica a médica. Confira abaixo a entrevista.
O que são as alergias respiratórias?
Dra. Luana Tonini – As alergias respiratórias são uma resposta exagerada do nosso sistema imunológico a substâncias inofensivas presentes no ambiente, chamadas alérgenos. Em algumas pessoas, o contato com esses alérgenos desencadeia uma reação inflamatória nas vias aéreas, resultando nos sintomas alérgicos. É uma condição crônica e não contagiosa, com fatores genéticos associados.
O que é a rinite alérgica?
Dra. Luana Tonini – A rinite é definida como uma inflamação da mucosa nasal que se manifesta por um conjunto de sintomas característicos: prurido nasal, espirros, coriza e obstrução nasal. Esses sintomas, quando acompanhados por manifestações oculares, como coceira e lacrimejamento conjuntival, configuram um quadro de rinoconjuntivite. Os diferentes tipos de rinite são:
- Rinite alérgica (a mais conhecida, desencadeada por alérgenos).
- Rinite não alérgica, desencadeada por diversos fatores, como:
- Medicamentosa, no caso de abuso de descongestionantes nasais tópicos.
- Gustativa, desencadeada por alimentos.
- Ocupacional, desencadeada por irritantes, como produtos químicos, poeiras ou fumaças.
- Hormonal (rinite na gestação).
Quais os principais agentes relacionados com as alergias respiratórias?
Dra. Luana Tonini – Ácaros, pelo de animais, pólen, fungos (mofo), insetos (como baratas) são os principais. Além deles, poluentes e irritantes (fumaça de cigarro, poluição e produtos químicos, perfumes) não são alérgenos, mas podem agravar os sintomas.
Por que o inverno piora as doenças respiratórias alérgicas?
Dra. Luana Tonini – O inverno traz consigo uma série de fatores que criam um ambiente propício para a exacerbação dos sintomas da rinite alérgica, pois o ar está mais seco e frio. O ar seco resseca a mucosa nasal, tornando-a mais vulnerável à entrada de alérgenos, enquanto o ar frio, por sua vez, pode irritar as vias aéreas, desencadeando crises.
O uso mais frequente de aquecedores e uma menor ventilação dos ambientes também acabam desencadeando a doença. Isso leva a um acúmulo maior de ácaros, fungos (mofo) e pelos de animais em casa, que são os principais gatilhos da rinite alérgica no inverno.
O aumento da poluição em algumas cidades também pode piorar os sintomas. Além disso, a inversão térmica no inverno pode concentrar poluentes no ar, que agem como irritantes para as vias aéreas, agravando os sintomas.
Quais os sinais e sintomas da rinite alérgica?
Dra. Luana Tonini – Os sintomas da rinite alérgica são bastante característicos e costumam ser mais persistentes no inverno:
- Sequência de múltiplos espirros
- Secreção nasal aquosa e transparente
- Obstrução nasal (pode ser unilateral ou bilateral e alternar ao longo do dia)
- Coceira (no nariz, olhos, garganta e ouvidos)
- Lacrimejamento e vermelhidão ocular (com sintomas de conjuntivite alérgica associada)
É importante diferenciar a rinite alérgica de um resfriado comum, pois o tratamento é diferente. A rinite não causa febre ou dores no corpo generalizadas, por exemplo.
Como se prevenir dessas doenças no inverno?
Dra. Luana Tonini – A boa notícia é que existem muitas medidas que podemos tomar para controlar e prevenir as doenças de invertno. A primeira atitude é a limpeza: utilizar aspirador de pó com filtro HEPA e pano úmido para remover o pó, lavar capas de colchão, travesseiros e cobertores em água quente regularmente, além de evitar tapetes, cortinas pesadas e objetos que acumulem poeira.
Também é importante abrir janelas sempre que possível para ventilar os ambientes, mesmo no inverno, principalmente em dias mais quentes.
Em ambientes muito secos, os umidificadores de ar podem ajudar a aliviar o ressecamento das mucosas, mas devem ser limpos regularmente para evitar o acúmulo de mofo.
E a higiene nasal, a lavagem com soro fisiológico, é uma das medidas mais eficazes. Ela ajuda a remover alérgenos, secreções e irritantes da mucosa nasal, aliviando os sintomas e prevenindo infecções.
Como é o tratamento dessas doenças?
Dra. Luana Tonini – O tratamento pode incluir anti-histamínicos e principalmente os corticoides nasais tópicos, que são a base do tratamento da rinite alérgica crônica e muito seguros quando usados corretamente. O uso de medicamentos e a duração do tratamento são individualizados e devem ser acompanhados pelo médico.
Para casos refratários ou persistentes, a imunoterapia (vacina para alergias) pode ser uma opção. Ela visa dessensibilizar o organismo ao alérgeno, reduzindo a intensidade e a frequência das crises. Deve ser indicada por um especialista.
Além disso, é importante o paciente manter-se hidratado. Ingerir bastante água garante que as mucosas fiquem hidratadas.
Quais são as consequências das alergias não tratadas?
Dra. Luana Tonini – As alergias respiratórias não tratadas podem ter diversas consequências, impactando significativamente a qualidade de vida e a saúde geral, como:
- Piora da qualidade de vida do paciente, que passa a ter distúrbios do sono, fadiga crônica, dificuldade de concentração, irritabilidade e absenteísmo escolar/profissional.
- Inflamação crônica da rinite pode bloquear os seios da face. Tipos específicos de sinusite crônica podem ser relacionados aos mesmos mediadores inflamatórios da alergia/rinite alérgica.
- Levar ao agravamento de outras doenças, como piora da asma, se presente, e maior risco de infecções respiratórias. Em crianças, a obstrução nasal crônica pode afetar o desenvolvimento facial e dental.
Quando procurar o otorrinolaringologista e como é o diagnóstico?
Dra. Luana Tonini – É fundamental procurar um especialista quando os sintomas são persistentes e afetam a qualidade de vida. O diagnóstico é um processo multifatorial que combina uma história clínica detalhada, exame físico e, quando necessário, exames complementares (exemplo: Testes cutâneos de alergia e IgE sérica específica).
O médico observa alterações anatômicas, como o desvio de septo nasal, e principalmente a obstrução nasal. Essas interrelações anatômicas não podem ser negligenciadas. Também deve-se compreender características que permitam ao médico adaptar intervenções terapêuticas às necessidades individuais do paciente.
Um diagnóstico preciso e um plano de tratamento individualizado são essenciais para o controle dessas doenças.
Hospital Santa Rita
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Além disso, o Pronto Atendimento, localizado a poucos minutos da Avenida Paulista e do metrô Ana Rosa, está à disposição 24 horas por dia, 7 dias por semana.
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